As férias em meu país foram necessárias por questões
diversas relativas aos meus sentimentos e às minhas escolhas de vida. Rever família
e amigos recarregou minhas baterias emocionais, me fazendo sentir-me mais
família e mais amigos de todos e principalmente percebendo que, após quase um
ano longe do cotidiano de todos eles, a vida de cada um transcorreu como tinha
que ser, assim como a minha também, o que reforça a ideia de que não somos tão
indispensáveis assim como nosso sentimento egoísta e orgulhoso nos faz crer.
Isso é muito bom!
Igualmente, o fato de a distância não ter enfraquecido nem
apagado os laços que nos unem é importante para perceber que amor e carinho são
sentimentos sublimes e a nossa capacidade de amar transcende questões
geográficas e os sentidos físicos humanos. Continuamos amando, independente de
estarmos perto ou não. Podendo, inclusive, potencializar esse amor, ou
transformá-lo em outras variações de amor, muitas que eu ainda estou em fase de
descoberta.
Uma vez que é muito mais fácil decidir o que não queremos
para nossas vidas, fica a eterna reflexão sobre o que nós queremos... e voltei
do Brasil sem definições quanto à profissão, aos futuros empreendimentos e à
organização de vida. O sistema me convoca aos hábitos de antes, com volume de
trabalho enlouquecedor e ritmos de vida duvidosos, quase insanos. Também, pelo
conforto e pela compensação que isso promove, me incita a estar perto daqueles
que colorem minha vida de forma significante.
Entretanto, perceber que há outros possíveis sistemas que me
proporcionam outras escolhas e caminhos é desafiador e intrigante. O diferente
fascina e assusta com a mesma potencialidade! Mas que bom que tenho escolhas e
transformar isso em um problema é, no mínimo, vexatório!
Sendo assim, resolvi seguir meu instinto taurino, sensível
ao que me faz sentir-me útil e bem, lutador por causas que acredito e, acima de
tudo, buscando aprender muito... sempre... e tanto!
Timor, mais uma vez, me chamou e eu vim! Porque acredito
profundamente nas consequências positivas das transformações profissionais e
pessoais que estou passando aqui... Porque não me sinto tendo finalizado um
trabalho iniciado ano passado e, portanto, com aquela sensação de que há algo
ainda a ser feito... Porque o que vivi por aqui ano passado mexeu com meus
dogmas, convicções e raízes, fazendo-me perceber que minha vida é muito mais do
que era... Porque a bolha do comodismo em que todos nós vivemos foi furada e o
ar que respiro agora é outro... Porque preciso disto tudo para sentir-me vivo e
fazer a vida valer muito a pena...
Pelo professor que escolhi ser... pelo homem que decidi
construir em mim... pelo ser humano que me esforço em me constituir...
Timor-Leste novamente é a escolha deste ano... e que seja um ano intenso, como
está aparentando... mas que eu o finalize com mais alegria do que a que sinto
em iniciá-lo.
Kolega sira
hau hadomi imi hotu!
Aifunan
barak!