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quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Requiem de um navegador solitário

Este é o título do romance de Luis Soares, único autor timorense publicado no Brasil, e que tem me encantado não só pela bela Língua Portuguesa utilizada em seu texto, mas pela emoção da vida dos timorenses retratada nesta obra de ficcção com ares de verdade. Trata-se de um romance pós-colonial, prenhe de curiosas relações imperiais, mitológicas e históricas na qual a ilha se viu enredada. Estrangeiros europeus, mercadores chineses, piratas e tubarões, aventureiros românticos e gatos asiáticos, nativos revoltosos e administradores portugueses, até mesmo invasores japoneses e aliados. Todos vão parar na ilha. Com isso, Timor figura na obra como um cruzamento do mundo, um canto para onde as coisas do mundo escoam. Tal a sobreposição de elementos que a paisagem literária desenhada se aproxima do realismo mágico latino americano. Contudo, longe de ser unicamente um cenário e um palco onde a trama do livro se desenrola, Timor-Leste surge ali como um poderoso personagem, um ator complexo e carregado de subjetividade. Tudo isto narrado por um eu lírico feminino, o que permite deslocar ainda mais o patriarcalismo dominante do universo colonial. Literatura de primeiríssima qualidade que vale a pena ser devorada!

E enquanto espero maiores definições sobre a minha partida, vou seguindo na literatura que é meu ópio e ofício...
Caminante, son tus huellas
el camino y nada más;
Caminante, no hay camino,
se hace camino al andar.
Al andar se hace el camino,
y al volver la vista atrás
se ve la senda que nunca
se ha de volver a pisar.
Caminante no hay camino
sino estelas en la mar.
(Antonio Machado)

bjs

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