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segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Por que eu vou?

Na madrugada de sábado pra domingo, após muito carinho ter recebido de pessoas queridas e especiais em minha vida, um grande amigo meu, no auge de suas dúvidas quanto a esta minha escolha considerada por muitos insana, me fez essa pergunta: Xandy, afinal de contas, por que você vai? Por que Timor?
Foi engraçado, por um lado, pois na sua voz havia um tom de dúvida, certamente dado pela entonação interrogativa, mas havia também um tom triste, meio embargado, meio indignado, inconformado, sei lá... difícil de definir. O fato é que a pergunta (e a forma como foi feita) mexeu comigo, perturbou meu interior que, naquela noite, estava se segurando com tanta emoção e a saudade de toda aquela gente linda que ficarei sem ver por um tempo (nem sei quanto!).
Busquei, no silêncio de alguns instantes, uma resposta sensata, apesar de certo teor alcoólico, mas algo que não fosse dramático, profético, missionário, etc... seria meio ridículo! E o que eu consegui dizer foi o simples e sincero "Por que vai ser um desafio muito legal!"
Pareci uma criança dizendo aquilo, afinal eu, professor universitário, respeitado em meu trabalho, 41 anos de idade, me jogando pro outro lado do mundo porque seria "legal"!!! Soa meio irresponsável até!
Mas dessa resposta pueril desenrolou-se toda uma conversa que eu consigo resumir em várias proposições de respostas agrupadas por assuntos que, de acordo com o interesse de vocês, com a valorização de cada um, vocês podem escolher aquela que melhor os agrada e usá-la sempre que necessário.
1 - Profissionalmente - Um educador que ama a sua profissão, gosta de desafios! Só para se ter uma ideia, para um grande educador, 40 alunos em sala de aula, antes de ser um problema, é uma provocação à sua capacidade de ser um bom professor, um bom comunicador, um grande ser humano e um criativo provocador da curiosidade alheia. Nesse sentido, Timor será um grande estímulo profissional para o educador que sou (ainda não sou um grande educador, mas quero muito ser). Uma cultura diferente, a importância da educação no momento histórico-social que o país está vivendo, a vontade de conhecimentos que percebi pelos depoimentos recentes que me foram mostrados... enfim, a possibilidade de fazer a diferença na vida de alguns e de me conceder a diferença na minha vida profissional. A proposta de ações no Timor são tão enriquecedoras que, para fazer algo parecido no Brasil, eu teria que entrar na política, me sujar até a raiz do cabelo, e participar de uma farsa! Não sou ator, sou professor!
2 - Pessoalmente - Toda vez que a gente sai do nosso mundinho pra conhecer outros mundinhos acontece algo muito curioso: percebemos o nosso mundinho de forma diferente, sob outro ponto de vista. Enxergamos coisas que estavam abaixo de nossos narizes mas não conseguíamos perceber. Entendemos que não somos os únicos, os melhores, os piores, que podemos ser mais, que precisamos de outros mundinhos, enfim, saímos de nosso comodismo egoístico e conquistamos um enriquecimento cultural, pessoal, espiritual e social que faz parte daquilo que chamo "aprendizado". E eu sou um aprendiz!
3 - Xandymente - eu costumo dizer que quando a gente tem um dilema pela frente, duas possibilidades, pelo menos, de solução existem: Você pode transformá-lo num problema, sofrer, martirizar-se, fazer-se de vítima para conquistar a piedade alheia, usá-lo como desculpa para a não realização de outras coisas e confortar-se em sua condição cômoda de "impedido pelo destino". Mas você também pode usar sua criatividade, sensibilidade e vontade de transporobstáculos, encarando seu dilema como um desafio e... criar possibilidades! Nesse sentido, muitos desgostos profissionais contribuíram sobremaneira para que eu "me mexesse" pois a acomodação profissional, embora estivesse me rendendo um bom salário, não estava me agradando nem profissionalmente, muito menos pessoalmente. A oportunidade do Timor foi surgindo de mansinho, "por acaso", foi crescendo, as possíveis problemáticas foram se resolvendo sem maiores esforços, enfim, tudo "conspirando a favor".

Bem... diante de tudo isso, o que mais fiz foi tentar responder a uma pergunta que latejava em mim: "Por que não ir?" E essa, queridos, eu não consegui encontrar uma resposta inteligentemente forte que me convencesse.

É isso!

2 comentários:

  1. Soou o sino. É hora de ir. O transporte partiu a caminho dos desafios e das oportunidades. O Grande Guia lhe acompanha, amigo meu. Segue Seus passos, contribui com Sua obra e conta com Sua proteção. Que a coragem e a dedicação estejam sempre na sua mala e que a preguiça e a futilidade nunca entrem ali. Daqui, você receberá sempre nosso carinho e força, para que se sinta apoiado onde quer que esteja. Bj grande. Muita Paz! Fevereiro, 2012.

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  2. Alexandre, fico muito feliz que você tenha mergulhado nesta experiência. São poucas as pessoas que tem coragem de largar sua zona de conforto (mesmo estando extremamente infelizes nela) e mudar o rumo de suas vidas nem que seja só por um tempo. Depois de trabalhar 10 anos com intercâmbios, intercambistas e com relacionamentos interculturais, só posso dizer que você vai enxergar o mundo com outros olhos quando esta experiência terminar. Mesmo que você passe por momentos difíceis (e eles vão acontecer), a quantidade de vivências positivas e enriquecedoras será muito maior e tenho certeza que ambas situações vão tornar você mais forte, mais experiente e muito mais feliz. Boa sorte nesta jornada!

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