Total de visualizações de página

terça-feira, 1 de maio de 2012

Ataúro

O Mar do Timor certamente ficará para sempre em minha memória... a água mais cristalina que já vi, o azul mais belo e as fantásticas maravilhas que ali habitam são, para mim, algo fascinante e motivo de reflexão e aprendizado... para isso cá estou!
Neste final de semana fui com alguns amigos para uma ilha – Ataúro - que fica em frente de Díli, a capital do país. Parece perto, mas a viagem demora mais de 2 horas de barco. O sol estava firme e forte, como sempre, e a alegria e espírito aventureiro em alta para desbravar mais um paraíso timorense.
Lá chegando, pegamos o transporte local – tuk-tuk – uma moto que puxa um carrinho onde vão 6 pessoas sentadas. É uma aventura andar naquilo e eu adorei. O preço pra “malae”(gringos) é sempre maior do que pra timorenses... uma constante que enfrentamos por cá. Enfim, um lugar de muito verde, mar lindo, silêncio e muita paz. Nossa pousada – Manukoko – fica há uns 20 minutos do píer onde desembarcamos e é super aconchegante, dentro de sua simplicidade, da paz que a rodeia. 
A vila é algo de encantador... é como se tivesse voltado uns 50 anos no tempo, em uma cidade do interior brasileiro... a igrejinha... as casinhas com telhado de palha de coqueiros... a escolinha... plantações e animais... tudo muito simples... tudo muito calmo e belo... e crianças por todos os lados vindo brincar conosco, pedindo para sair em nossas fotos... algo de muita energia positiva!
A fábrica de bonecas de Ataúro – uma cooperativa de costureiras que faz bonecas de pano e bolsas – fica em frente de nossa pousada. Algo de inusitado pois a forma como trabalham as senhoras e a produção exposta para venda é algo de interessante... sem maiores preocupações com a estética de mostruários, as mercadorias ali estão em estantes e armários para os interessados... e algumas senhoras atendem e conversam com as pessoas... com uma alegria e um orgulho do que fazem que sempre nos faz repensar o sentido do trabalho na sociedade!
Após uma noite pra lá de agradável, iluminada por lampiões, preenchida com música de violão, um jantar gostoso e ótima companhia, o domingo amanheceu prometendo grandes aventuras. Não porque era meu aniversário, ou porque a chuva caída à noite havia refrescado o clima um pouco mais causando uma sensação térmica pra lá de agradável. Mas porque havíamos planejado um passeio de barco com direito a mergulhos nas águas de Ataúro.
Pois bem, a hora combinada chegou e lá fomos nós, quatro malaes, sem maiores preparos físicos, rumo a algo que nos parecia legal... e foi! Muito mesmo! A começar pelo meio de transporte, uma espécie de canoa esculpida em um tronco de madeira, com duas traves laterais de bambu que garantiam seu equilíbrio e um motor conduzido por um timorense – Zé – que não falava uma palavra sequer em português... apenas tétum, a língua local a qual todos nós estamos arranhando e sobrevivendo.
A cor da água é algo que merece destaque... um azul indescritível... cristalina... límpida e convidativa... temperatura amena... algo que nunca havia visto antes. Permitia que os raios do sol entrassem iluminando seus corais, refletindo suas cores e transformando tudo aquilo num cenário fenomenal.
As cores que vi, do azul Royal ao azul celeste, do roxo ao lilás, do vermelho ao rosa passando pelo dourado e os tons terrosos, as texturas aveludadas, plumadas e metálicas, ora rugosas e firmes, oras sensíveis ao balanço do mar... os peixes multicoloridos e de formatos vairados... as estrelas do mar que mais pareciam de pelúcia fina e sedosa... nadei entre cardumes muito grandes... passeei com os amigos marinhos... parecia ouvir uma sinfonia ao fundo... uma música celestial que servisse de trilha sonora para toda aquela maravilha que ali estava ao meu alcance... poderia ser uma alucinação lisérgica... poderia ser tudo imaginação de minha mente sempre alterada... mas era tudo tão real que chegava a me espantar... tal a beleza... o balé aquático executado... e o carinho amistoso com que todas aquelas criaturas me desejavam Feliz Aniversário... fazia tempo que não me sentia tão privilegiado quanto aqueles instantes que jamais sairão de minha mente e que sempre merecerão meu respeito e veneração!
Se eu já havia tido reflexões profundas sobre o mar em outros tempos idos... agora eu as reforço... Seria esse mar imenso e misterioso apenas um palco para espetáculos de tamanha grandiosidade? Nós, humanos, precisamos de aulas de humildade para entender a magnitude da natureza e nos colocarmos no devido lugar dentro dela... nem mais, nem menos!
Loron diak hotu hotu!

Nenhum comentário:

Postar um comentário