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domingo, 12 de fevereiro de 2012

Refletindo...








Apenas uma semana aqui e algumas situações me convidam a refletir bastante. Pensar é um exercício que me faz bem e que, na minha percepção, deveria ser prática de todos, ensinada na escola... tipo... Momento do pensamento.
Eu já vi pessoas viverem em condições muito precárias, passarem fome, sem perspectivas e sofrendo por tudo isso. O Brasil infelizmente está cheio de exemplos assim. No entanto, aqui, sinto algo diferente que me chama a atenção. A escassez faz com que o povo timorense seja muito criativo. Materiais que normalmente são descartados por nós, brasileiros, aqui são amplamente aproveitados, de maneira que não se vê fome e o índice de desnutrição é quase zero e os bens de consumo são “adaptados” à realidade em que vivem.
Sendo mais específico, come-se não só o fruto berinjela, mas sim toda a planta. Da bananeira é aproveitado tudo: come-se a banana, o coração do cacho(flor), o caule fibroso é desfiado e vira corda, alça, utensílio doméstico, a folha vira pequenos cestos, chá, a raiz é rica em potássio e também e utilizada na alimentação e em forma de chá. Toda casa, por mais simples que seja – e, acreditem, são bem simples – possui alguns porcos, galinhas, cabras que constituem fonte de carne e leite para a família. Milho encontra-se com fartura, bem como arroz, batata doce, inhame e várias verduras, algumas bem diferentes do que eu conhecia. Isso sem contar nas frutas que também não faltam. Pelo menos aqui em Dili, capital do país, que é o que conheço até agora.
Isso nos faz rever nossos conceitos e preconceitos alimentares, pois, quando temos algo estranho para comer, o fato de estarmos num contexto brasileiro de alguma fartura, nos faz “torcer o nariz” para o alimento estranho e recusá-lo veementemente. Vendo essa realidade timorense, eu lembro muito de um amigo meu que, depois que voltou da Índia e está numa refeição em que alguém comenta algo negativo sobre a comida e tal, ele diz “você fala isso porque nunca passou fome”! É vero! Pra fugir da fome há duas alternativas básicas: reclamar e sofrer, esperando pela caridade alheia, ou criativamente utilizar aquilo que a natureza e papai do céu nos oferecem gratuitamente. Vale, inclusive, comer carne de cachorro ou de gato, como sabemos que se faz nestas terras.
Bem, como falei antes, são reflexões minhas, passíveis de discordância, mas com a intenção de que a gente entenda melhor o que acontece no mundo real, não no mundo dos nossos umbigos!

A gente se vê.

2 comentários:

  1. Perdemos essa cultura criativa no Brasil, pois os povos indígenas eram coletores e tbm plantavam tudo o que consumiam. Hj nem eles fazem isso e esperam que alguém os ajude (claro, tiramos suas terras, sua cultura e os infestamos de doenças). Bem como a população que é descendente de escravos, tbm tinham que se virar para sobreviver, mas aos poucos essa criatividade foi sendo usada só para o conhecido "jeitinho brasileiro". Mas a questão é o velho ciclo vicioso, querem que o povo passe fome e dependa do governo e da caridade, pois se não, vão começar a pensar e querer até ser independentes e lutar (não foi isso que aconteceu no Timor??), esse é o perigo. Podemos interferir? Acho que os milhões de pequenos agricultores que hj lutam pra manter a agricultura familiar - para suas família e para vender o excedente a um preço bem mais baixo - são aqueles que estão lutando para mudar isso, mas a luta deles é grande demais, é contra o que chamamos de "agronegócio"...aí o bixo pega! Quero mto ir ver tudo isso com meus próprios olhos tbm! Obrigada!!

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  2. Olá, Prof. Alexandre...
    Espero que tudo bem com você...
    Fui sua aluna de Letras!, Sandra Puff e também tenho um Blog: Sapatinhos da Dorothy...sobre Literatura e Cultura.
    Estou seguindo você aqui no seu Blog.
    Tudo de Bom! e boas experiências.
    Abraços de cá,
    Sandra Puff

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