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sábado, 13 de outubro de 2012

Relatos Timorenses X


“Eles me levaram para uma sala com pouca luz. Eu estava há três dias sem dormir direito depois de que me levaram para aquela prisão em Jakarta. Tiraram a minha roupa e me sentaram em uma cadeira de ferro no meio de um chão com água. Ali colocaram fios de eletricidade nos pés da cadeira e cada vez que me faziam uma pergunta, davam choque elétrico em mim. Eu berrei muito, mas não disse nada que eles queriam. Depois eles botaram os pés de outra cadeira em cima dos meus pés e sentaram em cima. Continuaram as perguntas, mas não respondi.  Naquela altura eu já estava muito cansado e ferido. Então eles colocaram um ferro que estava muito aquecido e vermelho como fogo em minhas costas, bem aqui, professor (virou-se e mostrou-me as marcas de queimaduras). Mas eu não respondi nada, professor. Porque se queremos ser resistentes aos dominadores e defender o nosso povo, não podemos ser fracos... não podemos desistir... precisamos merecer a confiança de nosso povo e lutar até o fim. Eu não precisei morrer, mas alguns colegas morreram... muitos morreram, para que Timor-Leste existisse hoje.”

(Este homem é professor de Direitos Humanos em duas universidades timorenses além de conduzir uma instituição que auxilia os jovens timorenses quanto à escola e o trabalho informal)

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