“- Vocês já entraram em uma livraria antes?
- Não, professor!
- E por quê? Não se paga para entrar em livrarias, além de
se poder conhecer os livros, saber sobre outras culturas e pessoas. Vocês não
acham isso importante?
- Sim, professor, mas nós pensamos que era um lugar para os
malais e não para os timorenses entrar.
- Mas por quê? Tudo o que está em Timor é dos timorenses em
primeiro lugar. Vocês podem e devem entrar nas livrarias sempre. Olhar os
livros, folheá-los, ler alguns trechos e conhecê-los.
- Os livros são muito caros, professor. Não podemos comprar.
- E qual é o valor que vocês podem pagar para comprar
livros?
- 5 ou 10 dólares, professor.
- Muito bem, então se cada um da turma der 5 dólares nós
conseguiremos comprar 40 livros de 5 dólares, ou 20 de 10 dólares e colocaremos
nesta estante em nossa sala, e os livros serão de todos. Com 5 dólares todos
terão direito a 40 livros diferentes! No próximo semestre fazemos a mesma coisa
e a quantidade de livros dobrará. Se vocês conversarem com os colegas de outras
turmas para fazerem o mesmo, teremos muito mais livros e vocês poderão
emprestar a eles e eles emprestarão a vocês!”
(Os olhos brilharam com a possibilidade empreendedora...
nunca haviam pensado serem capazes disso... a semente foi jogada e eles
começaram a se mobilizar)
“Não consigo ver grandes mudanças em Timor-Leste. As pessoas
de aqui são muito acomodadas, sem iniciativas e sem vontade de um real
desenvolvimento. Nem sequer falam sua língua oficial. E agora ainda pretendem
que a ONU de cá saia, pois acreditam ter autonomia. Nem sequer sabem o que é
ter autonomia. O que salva por aqui são as cooperações internacionais. Sem elas
não sobrevive-se por cá.”
(Sementes como estas são jogadas a todo instante em Timor, a
ponto de atingirem uma força que chega as raias da verdade... só que ao
contrário!)
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