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segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Mosaico IV


“- Vocês já entraram em uma livraria antes?
- Não, professor!
- E por quê? Não se paga para entrar em livrarias, além de se poder conhecer os livros, saber sobre outras culturas e pessoas. Vocês não acham isso importante?
- Sim, professor, mas nós pensamos que era um lugar para os malais e não para os timorenses entrar.
- Mas por quê? Tudo o que está em Timor é dos timorenses em primeiro lugar. Vocês podem e devem entrar nas livrarias sempre. Olhar os livros, folheá-los, ler alguns trechos e conhecê-los.
- Os livros são muito caros, professor. Não podemos comprar.
- E qual é o valor que vocês podem pagar para comprar livros?
- 5 ou 10 dólares, professor.
- Muito bem, então se cada um da turma der 5 dólares nós conseguiremos comprar 40 livros de 5 dólares, ou 20 de 10 dólares e colocaremos nesta estante em nossa sala, e os livros serão de todos. Com 5 dólares todos terão direito a 40 livros diferentes! No próximo semestre fazemos a mesma coisa e a quantidade de livros dobrará. Se vocês conversarem com os colegas de outras turmas para fazerem o mesmo, teremos muito mais livros e vocês poderão emprestar a eles e eles emprestarão a vocês!”

(Os olhos brilharam com a possibilidade empreendedora... nunca haviam pensado serem capazes disso... a semente foi jogada e eles começaram a se mobilizar)

“Não consigo ver grandes mudanças em Timor-Leste. As pessoas de aqui são muito acomodadas, sem iniciativas e sem vontade de um real desenvolvimento. Nem sequer falam sua língua oficial. E agora ainda pretendem que a ONU de cá saia, pois acreditam ter autonomia. Nem sequer sabem o que é ter autonomia. O que salva por aqui são as cooperações internacionais. Sem elas não sobrevive-se por cá.”

(Sementes como estas são jogadas a todo instante em Timor, a ponto de atingirem uma força que chega as raias da verdade... só que ao contrário!)

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